História de Santana

História de Sant'Anna

O distrito de "Paz de Santana" foi criado em 1898, tendo seus limites alterados ao longo dos anos, com a criação de novos subdistritos e dos atuais distritos (lei municipal de 1986) na Zona Norte da cidade. Entretanto, as origens da região de Santana são muito antigas, tanto que é reconhecido como aniversário do bairro a data de 26 de Julho de 1792.
Povoação mais antiga da zona norte, Santana tem sua origem ligada à doação de uma sesmaria ao Colégio da Companhia de Jesus (jesuítas), em 1673. A antiga Fazenda Tietê, onde hoje fica o quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), na Rua Alfredo Pujol, pertenceu aos jesuítas e, em outro período, também a Inês Monteiro de Alvarenga.
Conhecida como matrona, Inês descendia da tradicional família Camargo, de São Bernardo do Campo, e foi uma figura central da sangrenta guerra entre os Pires e os Camargo, na vila de São Paulo, nos idos do século XVII.
Os seus herdeiros doaram as terras aos jesuítas, que a rebatizaram como Fazenda Santana, em homenagem a Santa Ana.
Os novos ocupantes passaram a abastecer a cidade com produtos agrícolas e leite. A propriedade pertenceu aos religiosos até 1795, quando eles foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal, que confiscou todos os seus bens. A Fazenda Santana e a casa-sede, que se tornou quartel em 1916, ficaram sob domínio da Coroa.
Na segunda década do século XIX, a Fazenda Santana passou a pertencer a Martim Francisco de Andrada e Silva, irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos mais influentes políticos do Império. Líder do clã dos Andrada, José Bonifácio escreveu, segundo o padre Manuel Joaquim de Amaral Gurgel, vice-presidente da província, em uma das dependências do casarão, na época conhecido como Solar dos Andradas, a carta de representação ao governo da província, que veio a gerar o Dia do Fico, em 24 de dezembro de 1821. Um busto de José Bonifácio, conhecido como o Patriarca da Independência, no quartel do CPOR relembra sua participação nos acontecimentos que precipitaram a separação do Brasil de Portugal.
Em 1872, foram inauguradas as linhas de bondes, a iluminação a gás e o abastecimento de água, proveniente da Serra da Cantareira. A única ligação com o Centro era o romântico trenzinho da Cantareira, imortalizado por Adoniran Barbosa na música Trem das Onze. Em Santana, o trem se dividia em dois ramais, um para o Horto Florestal e outro para Guarulhos. Para tristeza de parte da população e alívio de outra, o trenzinho foi desativado em 1964.
Santana é uma região que, apesar de ser o mais antigo núcleo populacional da zona norte da cidade, permaneceu durante muito tempo isolada do restante da capital devido a barreiras naturais como o rio Tietê e a Serra da Cantareira.
Esse isolamento permaneceu até o início do século XX quando, seguindo os passos de toda a cidade, Santana se desenvolveu rapidamente devido ao processo de industrialização e à riqueza gerada através ciclo do café em todo o estado.
No início da década de 1940 o bairro ganhou uma nova ligação com o centro da cidade, com a construção da "Ponte das Bandeiras" que substituiu a antiga "Ponte Grande". O prefeito da época, Prestes Maia, considerava a obra como o portão de entrada da cidade.
Nos arredores da Ponte das Bandeiras instalaram-se diversas agremiações esportivas, destacando-se o Clube de Regatas Tietê e o Clube Espéria, este último fundado em 1899 e ainda existente.
Esportes aquáticos como regatas de remo e natação eram regularmente praticados no rio Tietê, antes deste ter o trecho que cruza a capital completamente poluído, nas décadas seguintes.
Tempos depois o bairro de Santana completou sua integração com o resto da cidade e, por sua relativa proximidade do centro, intensificada pela construção da linha Norte-Sul do metrô (que serve o distrito com 4 estações distintas) na década de 70, o bairro passou por um processo de desenvolvimento e infra-estruturação, que o transformou em um dos principais pólos comerciais da zona norte da cidade.
A história de Sant'Ana se confunde com a história do bairro, e de toda a Região Episcopal Santana.
Sant'Ana foi patrona e protetora da cidade e Arquidiocese de São Paulo até o ano de 2008, conforme documento do Papa Pio VI (de 31 de maio de 1782) que está no Museu de Arte Sacra - Convento da Luz. A Cúria Regional de Santana possui uma cópia do original. Junto a cópia estão também duas transcrições, uma no original Latino e outra tradução em Português.
Em 2008, por ocasião do Ano Paulino, o Papa Bento XVI declarou São Paulo padroeiro da Arquidiocese.

Bibliografia